Costa Gavras em Salvador
Costa Gavras em Salvador
por Ricardo Liper
Tinha ouvido falar que Costa Gavras viria a Salvador. Não acreditei. Nessa escuridão cultural que se abateu sobre o País e já dura muito mais de 20 anos, sem nenhum sintoma que vai mudar, muito pelo contrário, não achei possível esse clarão, de repente, ocorrer. Para a minha surpresa, sua vinda era verdade. Talvez por isso demorei de procurar um jeito de ver Costa Gavras, um dos meus diretores de cinema preferidos. Fui à Reitoria da UFBA para saber a data exata de sua palestra para vê-lo passar na rua, eu debaixo de chuva ou sol. Bastava isso, ficar como beata, diante de cortejo de Papa. Surpreendi-me muito quando Paulo Dourado, que não conheço a não ser de nome, me permitiu ter acesso à palestra de Costa Gavras.
Estou acostumado a ser tratado como escravo do Segundo Império ou condutor de carroça na República Velha, em todos os órgãos oficiais brasileiros e empresas que nos prestam serviços, inclusive a UFBA, da qual sou professor. Fiquei pasmo que a prática que impera no nosso País desde o descobrimento não funcionasse neste dia: podendo dificultar, dificulte, podendo prejudicar, prejudique, podendo perseguir, persiga. Só atenda os amigos, famosos e poderosos. Boquiaberto, não precisei preencher fichas e cadastros, os mais detalhadas possíveis, apresentar xerox autenticadas dos mais desnecessários documentos nem pegar fichas para ser atendido. Bastou-me dizer que ensinava Estética que Paulo Dourado me permitiu o acesso, na hora, gratuito, sem taxas pagas no Banco do Brasil, demagógicos quilos de comida, sem nenhum tipo de dificuldade ou protocolo.
Uma funcionária tentou dar o não pode ser lembrando-se da sua encarnação anterior na República Velha, mas Paulo a conteve. Estou acostumado a encontrar funcionários ou do D. Fradique de Toledo Osório ou do Marechal Deodoro da Fonseca reencarnados. Em uma sociedade, diferente da nossa, eu teria de ser reeducado. Fico tenso, angustiado, deprimido, estressado e sem saber o que fazer quando não sou agredido e, o pior, quando sou bem tratado nos órgãos públicos e empresas brasileiras.
O PORQUÊ DA ADMIRAÇÃO
Agora você vai entender porque eu gosto tanto de Costa Gavras. Ele é o diretor que mais mostra o efeito do autoritarismo, da injustiça, arrogância, burocracia tola e perversa na vitimação e esterilização de culturas, países e pessoas. Com uma mão segura, uma direção linear, sem presunção, modismos intelectuais, suposta sugestão de genialidade, ele conduz seus filmes de forma clara como o faz os que têm, de fato, o que dizer.
O primeiro filme que vi dele foi “ Z ”. Desce a madeira nas ditaduras de direita. Depois fez o mesmo com as ditaduras do socialismo autoritário europeu em “ A Confissão”. Quando desceu o sarrafo nos dois sistemas de governo, visando apenas mostrar a verdade, fiquei seu espectador cativo e entusiasmado. Em algumas cenas de seus filmes sinto vontade de me ajoelhar. O senti libertário, sem hipocrisia, sem oportunismo. Coitados de nossos pequenos intelectuais. Sempre apoiando ditaduras, equívocos e exotismos culturais. Hoje, contentam-se com Cuba.
No século XX o nazismo obteve o silêncio de Roma de Pio XII frente aos crimes cometidos contra a humanidade durante a segunda guerra mundial .
Não perdi mais nenhum dos filmes de Costa Gavras. “ Amém” foi o seu mais recente presente. Mostra, de maneira magnífica, o oportunismo da Igreja Católica diante do nazismo. Esse crime ela jamais conseguirá livrar-se da culpa. Foi vergonhosa e covarde sua conivência com o nazismo. A sua sorte é que o inferno não existe. Gosto também muito da maneira que ele tem de narrar, à maneira dos filmes policiais, suas histórias sem encher o saco dos espectadores. Na minha modesta opinião ele é um dos maiores diretores de cinema de todos os tempos.
Aspectos cinematográficos e a História real de Amém
Ricardo Líper é professor de Estética da UFBA. |
Estudante universitário acusado de cortejar adolescente
Estudante universitário acusado de cortejar adolescente
Por Marcelo Cerqueira, Presidente do GGB
O estudante de geografia Wagner Figueiredo, 25 anos, natural de Jacobina interior da Bahia, aguardava neste domingo, 13/2, junto com o amigo Eron Ferreira, também estudante universitário de geografia um grupo de colegas estudantes frente a Caixa Econômica do Shopping Iguatemi, para depois, seguirem passeando no referido shopping, quando na espera ao lado um homem identificado como Jair Francisco Ribeiro, acompanhado do menor J.V.R, 13 anos, olhavam insistentemente para os dois com olhares de curiosidade e risos de deboche.
Outros estudantes se associaram ao grupo e logo começaram a falar rir e nesse momento perceberam que Ribeiro olhava insistentemente para o grupo e continuava a reproduzir risos e gestos que os deixaram desconfiados com a
situação. O clima do encontro esquentou quando Ribeiro partiu descontrolado
e gritando em direção de Wagner, esbravejando palavras de baixo calão ao tempo que dizia que queria lhe matar, conforme relato de testemunhas que presenciaram a cena.
“Viado safado, viado descarado, você ta assediando o meu filho”, esbravejava ao tempo que chamava os seguranças do Shopping Iguatemi para prender o rapaz. “Se fosse na minha rua eu te matava, safado”, declarou Eron Ferreira Souza, que estava com o grupo e disse ter ouvido claramente Ribeiro ameaçar Wagner. “Estávamos felizes e nos confraternizando, ele não suportou ver tantos homossexuais e resolveu nos atacar”, conclui.
Wagner que tem jeito de gente do interior havia chegado em Salvador cerca de uma semana para curtir o Carnaval e participar do encontro de estudantes de Geografia que terminou no domingo no Campus da Universidade Católica de Salvador. Mesmo com a presença de inúmeros amigos que lhe acompanharam na Delegacia para dar-lhe apoio moral o estudante apresentava sinais visíveis de cansaço, constrangimento e revolta pela situação clara de preconceito contra homossexuais, segundo entendimento do próprio e dos demais que presenciaram a situação de violência e intolerância.
“Fui uma cena horrível, fui humilhado na frente de tanta gente e no percurso para a delegacia os policias me chamavam de boiola e de outros nomes indecentes”, disse. “Eu jamais iria assediar um adolescente, ainda mais, na presença de seu pai”, conclui dizendo que estuda, trabalha e tem uma reputação para zelar em sua cidade.
Wagner Figueiredo foi conduzido pelos seguranças do Shopping Iguatemi para
uma área reservada ao tempo que esperava uma viatura policial para ser apresentado a Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Contra a Criança e o Adolescente (Derca) naquele bairro. Na delegacia um oficial de prenome Ferreira, registrou a queixa sob ocorrência de número 466/04 onde as partes deverão ser ouvidas no dia 13 de março às 14h. Ribeiro acusa Wagner de ele ter cortejado o seu filho menor de idade, desferindo-lhe beijos, fato que Wagner nega terminantemente e afirma que foi vitima de uma armação preconceituosa contra homossexuais. O Grupo Gay da Bahia (GGB) foi comunicado e imediatamente, Marcelo Cerqueira, se dirigiu até o local para tomar conhecimento da situação. O GGB deverá no decorrer da semana fazer contato com a Delegada Kátia Brasil, titular da Derca para os encaminhamentos necessários na elucidação do caso. “Essa situação, poderia ser resolvida no shopping com o mínimo de boa vontade por parte dos
seguranças envolvidos”, disse Cerqueira na delegacia. “Não é a primeira vez que o shopping negligencia situações envolvendo, preconceito contra homossexuais”, conclui.
O Jornal Homo Sapiens não conseguiu ouvir Ribeiro, pai do menor por o mesmo ter se ausentando da delegacia imediatamente após ter registrado a ocorrência. ( Editoria do Jornal Homo Sapiens).
SEGURANÇA DO BLOCO OS MASCARADOS DE MARGARETH MENEZES INSULTA FUNDADOR DO GRUPO GAY DA BAHIA
SEGURANÇA DO BLOCO OS MASCARADOS DE MARGARETH MENEZES INSULTA FUNDADOR DO GRUPO GAY DA BAHIA
Luiz Mott, fundador do GGB denuncia que um chefe de segurança do Bloco de Margareth Menezes disse: “SAI PRA FORA VIADO!” ao solicitar para atravessar o espaço do Bloco em frente ao Farol da Barra
Não é a primeira vez que Margareth Menezes e sua empresa entram em conflito com os homossexuais, apesar da presença maciça do público GLS (gays, lésbicas e simpatizantes) no Bloco Os Mascarados. No ano passado a cantora declarou em entrevista ao programa Se Liga Bocão, da rádio 104 FM de Salvador, “Tem que acabar com essa história que nos meus shows só tem homossexual, Os Mascarados é do povo”. Na ocasião, Marcelo Cerqueira, Presidente do GGB respondeu: “Ninguém jamais afirmou que Os Mascarados ou os ensaios de Margareth ‘só tem homossexual', isto é maluquice da cabeça da cantora. Negar a predominância do público gls é miopia e pior ainda, homofobia internalizada, pois todo mundo sabe que Margareth gosta do babado...” Também em 2004 “Maga” irritou não só o Grupo Gay da Bahia, recusando o título de Madrinha da Parada Gay da Bahia, mas também a Associação da Parada GLTB de São Paulo, ao participar de um show “pirata” com a drag-queen Rul Paul.
Neste último verão, correu a notícia nos ambientes GLS de Salvador, que um gay foi agredido durante um dos ensaios de Margareth na sede do Esporte Clube Bahia, sem que a cantora condenasse a agressão. O GGB solicita à vítima ou testemunhas que procurem a entidade para confirmar a veracidade deste lamentável ato.
O último conflito ocorreu na madrugada deste último dia do Carnaval de 2005. O Professor Luiz Mott, 59 anos, ao solicitar a um chefe de segurança de Os Mascarados homem branco, estatura mediana, aproximadamente 40 anos, com farda preta que permitisse atravessar as cordas na parte da frente do bloco, praticamente vazia, sem foliões e portanto, sem prejudicar em nada a performance do grupo, teve negado seu pedido: ao insistir, educadamente, que levasse em conta sua condição de quase sexagenário da terceira idade, o segurança respondeu: “SAI PRA FORA VIADO!”
O Grupo Gay da Bahia exige que esse segurança seja severamente repreendido e que Margareth Menezes peça desculpas publicamente por esta lamentável expressão de preconceito e discriminação. Luiz Mott afirma: “Homofobia também é crime. Se fosse um negro insultado no bloco, certamente o agressor seria preso e condenado por racismo. E se o bloco Os Mascarados não se assume GLS, apesar da predominância deste público, é um direito que tem para defender seu marketing, mas assumir postura homofóbica, isto não se pode aceitar!”
Que sirva de lição para Margareth Menezes a declaração deste gay divulgada na mídia baiana: “De peruca loira, vestido verde e muita lantejoula, numa mistura de Carmem Miranda e outras divas, o brasileiro Rai da Silva, residente na França, só se queixou da falta de apoio da cantora Margareth ao seu fiel público gay. "Ela andou falando algumas coisas e acho que isso a atrapalhou muito. Ela perdeu público. Só saí hoje porque era o último dia, mas meus amigos não quiseram vir", declarou ele. “
Maiores informações: (71) 328.3782 - 328.2262 - 9128.9993
Raça e Homossexualidade: um diálogo urgente
Raça e Homossexualidade: um diálogo urgente
Por Marcelo Cerqueira
No mês que se celebra o dia vinte de novembro como Dia da Consciência Negra faz-se necessário retomar o debate sobre raça e homossexualidade, relação que apesar das conquistas para ambos os lados continua tensa e rechaçada de muita intolerância e preconceito. Como homem homossexual negro, tenho procurado nessa minha vida de luta por inclusão social para a população de gays, lésbicas e transgêneros, construir um diálogo com os movimentos de afirmação racial pontuando a questão da homossexualidade e as suas implicações com a raça. Tenho buscado conhecer quem é esse homossexual negro, o que é que pensa, como vive, como se relaciona com a suposta democracia racial, como se relaciona dentro do grupo da comunidade homossexual.
Conhecer as interdições de liberdade relacionadas à homossexualidade e a raça constitui desafio para todos nós, considerando que falar de homo-afetividade nunca é fácil e os sujeitos sofrem duplamente, por serem negros e por experimentarem uma orientação sexual minoritária circundada por muitas e diversificadas interdições. Para início de um diálogo franco, torna-se importante entender alguns conceitos. A homossexualidade não pode ser entendida como um vício branco, opressão do macho colonialista. Mesmo antes da chegada do elemento europeu na África a sua prática já existia, seja de forma ritualística ou com a finalidade de atingir o gozo erótico. Colocando a parte o sexo sem permissão, o estupro e a violência sexual, que certamente existiu como acontece até os dias atuais. Negros e brancos sempre se relacionaram sexualmente, seja por amor ou por interesse, a prova é a quantidade de sodomitas brancos e pardos que foram denunciados a Inquisição Portuguesa pela prática do crime de sodomia nos engenhos do Sertão da Bahia e no Rio de Janeiro. Diferente de outros povos europeus, os portugueses não tinham tabu em relação ao corpo negro, ao contrário.
“Trair a raça” é uma condenação/interdição muito comum imposta aos homossexuais afros. Temos de desconstruir este arquétipo negativo porque é fruto da opressão racista representado na fala do macho negro na construção da ideologia de afirmação e aceitação social. Esta prerrogativa reforça que a homossexualidade é coisa de branco, inconcebível ao negro, inaceitável aos negros.
Nessa luta os Terreiros deverão ser importantes parceiros como espaços democráticos de afirmação da diversidade sexual contra as interdições baseadas na intolerância. As religiões de matriz africana rejeitam a o tabu do sexo a partir da tradição, dos mitos e lendas dos orixás. É perfeitamente possível resgatar os arquétipos e a mitologia dos orixás na tradição afro-brasileira, demonstrando que as barreiras e interdições sexuais são muito tênues, embora não chegue a afirmar que nos terreiros vive-se uma sexualidade livre, sem regras. Consideramos crucial resgatar os ícones negros da homossexualidade, como João do Rio, Mario de Andrade, Joãozinho da Goméia, Mário Gusmão e mesmo Madame Satã, negros entre tantos outros que pularam enormes barreiras e não se curvaram frente às interdições da liberdade, deixando para as novas gerações um exemplo a ser seguido na luta por igualdade e democracia sexual e racial.
Que tenham voz e vez os sujeitos homossexuais negros na construção desse diálogo entre a homossexualidade e raça negra! É fundamental estimular as lideranças homossexuais negras abrindo espaços de palavras para que possam se expressar como elementos dessa nova construção social. 100% Negro e Homossexual!
Marcelo Cerqueira é educador e presidente do Grupo Gay da Bahia (GGB), Secretário de Comunicação da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis (ABGLT)
Cachoeira e São Felix em festa no feriadão
Cachoeira e São Felix em festa no feriadão
Por Marcelo Cerqueira
Localizadas a cerca de 150km partindo de Salvador pela BR 324 as cidades de Cachoeira e São Felix as margens do Rio Paraguaçu viraram ponto de encontro de nativos e turistas nesse feriadão. Quem foi visitar a 7o Bienal do Recôncavo, aproveitou e caiu na Gauchada festa profana que acontece todo domingo após adoração e louvores á Nossa Senhora da Ajuda, padroeira da mística e esplendorosa Cachoeira.
A Gauchada é uma tradição que já completou doze anos. Tudo começou no Bar do gaúcho, como uma brincadeira de amigos que se encontravam para beber cachaça e se divertir após a festa de Nossa Senhora da Ajuda, o Gaúcho mudou-se da Cachoeira, mas os amigos resolveram unir esforços na bagaceira e assim, a festa segue animadíssima até os dias atuais. A concentração que precede o cortejo começa a partir das 5hs da manhã e segue por todo o dia percorrendo rua por rua da cidade. Centenas de homens travestidos, cabeçorras, diabos animados por uma batucada com direito a rainha e princesa chamam atenção por onde passa não só pela irreverência, mas pela alegria contagiante marca registrada faz com que muitos sigam dançando atrás do cortejo.
O cabeleireiro Leandro, 28 anos, de Conceição de Feira de Santana é rainha das Gauchetes pelo terceiro ano. "Eu não abro mão dessa festa por nada, uma vez fui princesa, mas agora sou é a rainha, meu bem". Declarou animadíssimo, alegando que antes estava mais bonita para ser fotografada. O comerciário Roberto Costa, 46 anos natural de Salvador todo ano marca presença na festa. "Este ano ta melhor que o ano passado, pois choveu e o povo não estava muito animado, agora ta uma beleza, muita diversão" declarou. A festa de Nossa Senhora da Ajuda começa no dia dez de outubro e segue até o dia dezesseis de novembro com o desfile do Terno da Saudade, a partir das 17hs.
Bienal em São Felix no circuito das artes
Começou no dia cinco de novembro passado e segue até vinte e dois de janeiro do próximo ano nas dependências da charmosa Fábrica de Charutos Dannemann na cidade de São Felix a 7o Bienal do Recôncavo, um evento que apesar das dificuldades coloca o Recôncavo baiano no roteiro das artes internacionais. Para os artistas que participam e são premiados a Bienal é uma boa porta de entrada no concorrido mundo das artes plástica "Participar da Bienal foi um sonho, ter um trabalho selecionado, foi uma grande emoção" declarou artista plástica Lucia Monte Alegre, que recebeu menção especial com os seus sapatos fálicos em argila encerrada. Ter um trabalho classificado na Bienal é certeza de uma carreira promissora e c de posse do certificado consegue-se abrir inúmeras portas para o sucesso. Um exemplo de reconhecimento é Marepe que já era um artista de prestigio, mas com a premiação da 1o Bienal, conheceu a fama internacional pelo seu trabalho. Com licença, pois agora é a vez de mais uma baiana ganhar o mundo, trata-se da artista Rosangela Costa, premiada com a instalação "Vestidura" ganhou uma bolsa para estudar arte contemporânea na Alemanha.
Apesar da simplicidade do interior, da falta de melhores instalações para receber a grande quantidade de trabalhos a Bienal do Recôncavo consegue traduzir e dar vazão a várias gerações de artistas que trazem forte conceito de contemporaneidade em sua arte, como os sapatos fálicos de Lucia Monte Alegre, a leveza "fashion" de Rosangela Costa, os Fósforos incandescentes na cara e nas orelhas de Rodrigo Borba brincando com a dor a "pólvora" e os limites do insuportável com o corpo, entre outros como Pirulito que brinca "Eu Sou Nelson Rodrigues" e a Crucificação de Anderson.
Como se trata do sétimo ano consecutivo a estrutura operacional do evento merecia estar mais aprimorada. A grita foi geral. Muitos artistas ficaram indignados com o tratamento que foi dispensado as suas peças. Trabalhos que deveriam ser expostos de forma tridimensional ficaram colados na parede ou amontoados um em cima do outro impossibilitando uma melhor visualização. Performances que foram premiadas e não foram anunciadas para se apresentarem, ou foram apresentadas muito tarde como a de música eletrônica que muitos cansaram de esperar e foram para Cachoeira conhecer a Cabana do Pai Tomaz e de lá foram embora.
Homossexual, graças a Deus!
Homossexual, graças a Deus!
Por MARCELO CERQUEIRA, Grupo Gay da Bahia (GGB)
Houve tempo em que os negros eram legalmente tratados como raça inferior, os protestantes discriminados como hereges, os divorciados proibidos de se casar de novo e os homossexuais condenados à fogueira. O ideal libertário da revolução francesa, “Liberdade, Igualdade, Fraternidade” derrubou a Inquisição, impulsionou a abolição da escravatura, oficializou a liberdade religiosa e descriminalizou os sodomitas.
Hoje o racismo e a intolerância religiosa são crimes inafiançáveis. Só
a homossexualidade continua sendo tratada com a mesma intolerância como se ainda vivêssemos na idade das trevas. Prova disto é o recente Projeto de Lei do deputado carioca Edino Fonseca (Prona/RJ), que prevê
financiamento público para programas de auxílio a pessoas que “voluntariamente optarem pela mudança de sua orientação sexual da homossexualidade para a heterossexualidade”. Absurdo maior do que este abominável projeto, é o fato de ter sido aprovado por duas comissões, de Saúde e Justiça, mas felizmente vetado pela Comissão de Direitos Humanos. Projeto anticientífico, desumano e ilegal pois viola um direito humano fundamental: é legal ser homossexual!
Todas as ciências garantem que nada distingue os gays e lésbicas dos
heterossexuais, em termos de capacidade, honestidade, valores humanos. A única diferença é que os heteros gostam do sexo oposto, os bissexuais
de ambos os sexos e os homossexuais, do mesmo sexo. A existência de tantos luminares da humanidade que foram praticantes do “amor que não ousava dizer o nome” Platão, Safo, Júlio César, Alexandre Magno, Miguel Ângelo, Shakespeare, Cervantes, Fernando Pessoa, Santos Dumont, entre outros, comprova empiricamente que gênio e homossexualidade muitas vezes andam de mãos dadas. As grandes cantoras e cantores baianos e nacionais, mesmo ainda vivendo dentro da toca, que o digam!
Deixem os homossexuais em paz! Queremos sim, ações afirmativas que
garantam nossos direitos constitucionais e cidadania plena. Não queremos ser curados nem ser tratados como cidadãos de terceira categoria. Precisamos sim, de projetos e ações que transformem fascistas homofóbicos em humanistas democratas. Viva o arco-íris!
Nacho Vidal, o gênio pornô de todos tempos
Nacho Vidal, o gênio pornô de todos tempos
"Se alguém me critica é por pura inveja" - Nacho Vidal, acaba de completar 30 anos, nasceu na Espanha, viveu na Califórnia, vive fazendo filmes pornô e agora também é diretor e escritor de livros. Ele afirma u está muito feliz, adora o Brasil, está solteiro, sem filos e da graças a Deus por tantos presentes que recebeu da vida. Conheça um pouco desse galã com cara de mau e gestual bruto que vem conquistando os amantes do cinema pornô em todo o mundo ocidental.
Atualmente um dos atores de pornô mais populares, Nacho trabalha na indústria desde 1998. De origem espanhola o belo ator de pele morena e olhos selvagens tem estado muito ocupado nos últimos anos. Ele ganhou uma reputação como a do italiano Rocco Siffredi considerado o melhor quando o sexo é violento e sujo. Os gritos de orgasmo de Nacho se tornaram legendários, e ele está sendo cotado a se tornar um dos melhores maiores atores de pornô.
Sua carreira começou em 1998, quando desempenhou o papel de noivo da musa do cinema pornô Jasmine Mai, conhecida por suas performances. No final da década 1980 e durante a década dos 1990 o casal estreou em diversas performances, incluindo o "Brazilian Butt Feast" quando atuou ao lado de Rocco Sifdredi, outro mostro sagrado, meio que aposentado, agora atrás das câmaras. No filme, Rocco e Nacho mal chegaram no Rio de Janeiro e já se encontraram perdidos no paraíso tropical. Outro grande exemplo foi à performance que o ator desempenhou ao lado de Jazmine Mai no filme "Please". Na metade da década dos 90, Nacho e Jazmine se separaram. Nacho ficou, assim, livre para fazer e acontecer no mundinho. Suas habilidades sexuais e seu jeito selvagem e ardente trouxeram-lhe novos contratos. Uma de suas melhores performances desde então está no filme que atou com a superstar "Tera Patrick aka Filthy Whore".
Mais recentemente, Nacho se tornou diretor, produzindo o pornô europeu "Killer Pussy". Ele dirige e atua nos filmes, trazendo ao público o maior elenco de homens e mulheres da indústria pornográfica européia, como a beleza Checa (Czechslovakia) Ellen, que atuou em "Killer Pussy I". O filme foi nomeado na categoria AVN de melhor cena de sexo explicita produção estrangeira.Um verdadeiro selvagem, mesmo atrás das câmeras, Nacho Vidal esta pré-destinado a se tornar um legendário do cinema pornô mundial. Ele certamente teve uma veloz arrancada, e agora esta entre um dos mais talentosos atores do pornô no mundo contemporâneo. Agora o moço ataca
como escritor, acabou de lançar na Espanha o livro Confissões de uma Estrela Pornô. Que ele atua muito muitíssimo bem como ator nós já sabemos, agora se é igualmente magnífico com a caneta, resta saber, basta comprar o livro e gozar. Você fascinado pelo gênero pode encontrar todo os filmes de Nacho Vidal, inclusive a serie Killer Pussy, na locadora da Queens Clube, fone (71) 328.6260. Claro que são filmes inadequados para menores, inclusive, orientamos manter crianças longe do alcance da pornografia. Use sempre preservativos em todas as relações sexuais.
(Por Marcelo Cerqueira e colaboração de Hédimo Santana, diretamente de Sidney, Austrália.)
Segredos revelados
Segredos revelados
Resolvi escrever sobre este assunto, porque imagino que ele gera muita curiosidade na cabeça de quem chega aqui em casa, além, claro de despertar a libido, aquela energia motora dos instintos de vida e de toda conduta motriz criadora do ser humano, á libido. Tudo começou assim. Havia colocado um grande painel com a figura de um negão com os braços abertos a minha frente, claro que era para me dar inspiração para o trabalho diário, o que realmente aconteceu. Sempre tive o maior tesão por fotografias, porém, não com as ditas maquinas, já perdi inúmeras delas; caiu na água, aquendaram, quebra sem consertos, elas me renderam belíssimas fotos, que muitas delas trago grudadas no meu painel de trabalho. Agora com as digitais, acabou-se o papel, agente vê se impressiona e pronto, guarda tudo no maravilhoso mundo encantado do computador.
Voltando ao painel. Tem muitas pessoas que tenho muita admiração, outras não tanto, mas tem algo relacionado com o que faço, além, de muitos bofes maravilhosos. Sempre fica a dúvida quando vem, alguma visita desavisada e pára diante do famoso painel encantado, contemplando as fotos, os motivos. Outro dia um político famoso chegou lá em casa por ocasião de uma festa não se conteve, mesmo, porque havia uma foto dele ao meio de tantas outras fotos quentes, deu muitas risadas e adorou a foto no painel da fama. Tem sempre as que agente gosta mais nesse caso é a do um moço que a quatro anos acompanho a sua evolução indumentária na Parada Gay de São Paulo, cada ano ele sai melhor, já foi Zorro, Anjo, Soldado Romano e militar.
Tem fotos de Marta Suplicy, Gilberto Gil, Gabeira, São Sebastião crivado de flechas dividindo o espaço com os meus adoráveis Chad Hunter, Aiden Shaw, Marcelo Clua que deixou os palcos e cuida agora da família, André Atila na Itália, Marquinhos Mecânico, entre outros. Eu e um adorável gondoleiro na última viagem a Veneza com o meu maridão Oscar Mottíssimo. Muitas dessas fotos já foram publicadas no Homo Sapiens, jornal do GGB que circula bimensal, quando agente dá conta de fazer em dia, claro que as publicáveis, porque as quentes eu adoraria, mas o Homo Sapiens não é um Jornal pornô.
Sempre tive fascinação por colecionar fotos, antes, pasmem, eram calendários de mulheres peladas, mesmo porque não havia de homens pelados no meu tempo de moleque, senão, lógico que seria a preferência. Guardava os calendários bem escondidos para não serem revelados. Fui criado numa família protestante e o verbo era orar e vigiar que de pouca coisa adiantou, sobretudo o vigiar. Eu tinha verdadeira fascinação pelos tais calendários sacanas, mas pelo escândalo e por poder mostrar e trocar com os outros moleques, do que por algum fetiche sexual. Os tais calendários era verdadeira moeda de troca, trocava-se por tudo, por outros, por figurinhas e por brinquedos. Um belo dia meus calendários viraram cinzas em cima de um fogão Alvorada, acabou-se o segredo, acabou-se o comércio. A cena triste não me fez chorar mas me deixou muito desolado porque lembro-me dela até hoje, existem coisas que não saem da memória da gente, essa para me é uma delas, entre outras tantas.
Esse meu painel é uma janela congelada no tempo onde já vi as coisas passar e repassar, fotos é assim mesmo, para gente vê e lembrar, curtir se emocionar, pronto, nada mais.